MariaLi
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Sozinha em casa, enchi-me de coragem e lá fui desencantar alguns objectos próprios desta época.
Juntei arbustos e flores do meu jardim, abóboras pequeninas...
Pronto. Estão feitos os adornos. Presépios, laços, velas...
Este ano não há pinheirinho, não me apetece...
Reciclei... Reutilizei...
Bom Natal!![{#emotions_dlg.painatal} {#emotions_dlg.painatal}]()
MariaLi
Coimbra, 12 de Outubro de 1937
História Antiga
Era uma vez lá na Judeia um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga
MariaLi
Sinto-me um equilibrista
quase iniciante
pé no chão, pé no ar
bracejar informe tacteando
o espaço vazio,
irregular, escorregadio...
Pé ali, pé acolá,
na forma do mundo
tento enformar
no melhor desenho, na melhor figura
ou no melhor estilo...
Olhando para trás,
rio e entristeço
das manchas tingidas
a preceito ou não...
Quem moldou as formas do mundo?
Onde vagueiam seus autores?
Andar periclitante,
carregando o universo,
ombros rígidos, cabeça estonteante,
lá vou eu, sem rei nem roque,
na onda do tempo, na brisa do calor,
no esvoaçar das folhas...
Envolvida pelo manto da montanha,
coroado de estrelas ou de pedregulhos,
sonâmbula, atravesso o universo,
à pressa, sem destino
ou, quem sabe,
seguindo o traçado invisível
que eu, tonta, penso
ter inventado...
MariaLi
Uma paisagem do Minho. Pintura baseada numa foto...
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(70x50cm)