O último dia que fui à praia, o dia estava lindo! A água transparente e de temperatura muito agradável, as ondas embalavam e acariciavam seduzindo-nos e provocando o atraso da nossa partida... O Sol, já a média luz, alumiava, enorme, aveludado, rosado... escondendo-se suavemente, fatiado, até o último pedacinho desaparecer...
E alguém, na varanda, foi registando... Eu estava na praia.
Esteve na prateleira bastante tempo. Melhor dizendo, "estiveram". Porque são dois os livros com o mesmo título. Foram oferecidos por um familiar a uma das minhas filhas, no espaço de um ano. Ninguém se aventurou a lê-lo, nem a perguntar-lhe o porquê desta oferta repetitiva. Como não adianta enterrar a cabeça na areia e como gosto de desafios, principalmente, em teoria...
No Verão do ano passado, estava de férias na praia e comecei a leitura. Fui lendo página após página um pouco desmotivada. Estava a meio do livro e desisti. Sentia ansiedade...
Este ano, em Agosto, uma das vezes que fui passar uns dias à beira-mar, reiniciei a leitura. Não é que a "viragem" da história estava mesmo ali?!
O romance é baseado numa história verídica. É tempo de Estaline, a força policial secreta intimida toda a população, mas, por outro lado, quer fazer parecer que tudo está sobre controlo, que não existe criminalidade... Mas há crianças cadáveres... Alguém que pertencia à polícia do estado soviético, que tinha assistido ao desaparecimento do seu único irmão, resolve desvendar o mistério, arriscando sua vida, desafiando o próprio Partido...
Só pelo desfecho da história valeu a pena ter insistido na leitura completa do romance. É uma história real, histórica, policial... Obriga-nos a reflectir profundamente...
A verdade acabou por derrubar hipocrisias, crueldades, tiranias, demências... Pena é haver sempre vítimas e não aprendermos com os erros.
*Se alguém estiver interessado neste romance, eu ofereço um dos livros.
Na vida, porque depois dela não sabemos, acontecem peripécias mais ou menos engraçadas. Há gente que ri por tudo e por nada, outros, nem por isso, é difícil fazê-los rir ou até sorrir. Tudo é muito relativo, depende dos dias, da disposição, do modo, do feito... Mas quando rimos ou sorrimos de nós, isso é óptimo!
Esta semana entrámos numa loja de molduras. O senhor, atenciosamente, para de trabalhar e pergunta-me o que desejo. Um cheiro intenso a cocó de gato, cão ou gente, invade o espaço. Eu, com algum alarido, investigo as solas dos meus chinelos uma, duas, três vezes e vou insistindo para que a minha filha faça o mesmo. O senhor, impávido e sereno, continuava perguntando o que eu desejava. Parei... Porque ninguém se importava!!!...
Depois, ouvi as recriminações da minha filha. Porque ela teve a postura do senhor da loja, não se desmanchou, e, pelos vistos, tentou comunicar comigo para eu ter "modos" ...
Agora, vamo-nos rindo do meu exagero, e ela vai dizendo que fui malcriada, indelicada, pois o cheiro fazia parte daquele espaço e eu não tinha nada que reclamar.
Enfim, coisas de gente mais madura. Eu prefiro ter atitudes espontâneas, assim, já que tenho de reprimir tantas!...