Se a família e os amigos esperavam encontrar auxílio espiritual, um pouco de consolação e esperança durante a celebração da missa de 7º. dia, não encontraram. As palavras ecoaram vazias, fora de contexto... Não eram aquelas que queríamos escutar.
Mas encontrámos sim, espontaneamente, no final, entre as pessoas que se uniram à dor e quiseram repartir abraços, beijos, carícias, sorrisos, lágrimas e algumas palavras, palavras sentidas...
Era desta maneira que o João gostava de estar. Entre muita gente, família e amigos. Exibindo seu charme, piscando o olho, cochichando com esta ou aquela. Sentir. Fazer-se sentir. E conseguiu.
Quem sabe se o motivo principal da missa não será mesmo esse?!...
Quezílias entre família sempre houve. Durante a infância e adolescência somos apelidados de tudo o que no momento e na circunstância se adapta melhor para nos definir. Maria rapaz, manhosa, preguiçosa, atrevida, feiosa, ninguém te vai querer- são expressões comuns dirigidas a quem realmente gosta de sair dos padrões normais de uma boa menina. Porque, naquele tempo, nascer-se do género feminino no meio de tantos do outro género, não era nada fácil. No que concerne aos trabalhos domésticos e às brincadeiras, os direitos eram mais para os rapazes e os deveres mais para as raparigas. Cedo aprendemos que a vida será de luta, até que a igualdade seja tão comum que nem seja necessário falar dela. Falo de minha experiência...
Em adultos os motivos que nos desunem não serão tão diferentes. Diferentes, mesmo, somos nós. Carregados de orgulho, preconceito, teimosia... Esquecendo que seguimos viagem e que não sabemos até onde vamos, qual o fim da nossa caminhada... Custa a acreditar, a compreender. Entretanto, passamos pelo tempo, em velocidade, sofrendo os seus efeitos. Um dia já será tarde...
Não, não ficam nesta parede, nem neste posicionamento, apenas foi para a fotografia. E a verdade deve, às vezes, ser dita... Também não estão muito fotogénicas...
Uma foto do dia 13 de Dezembro. O Largo da Oliveira. A igreja de Nª. Sª. da Oliveira.
Guimarães celebrou onze anos da elevação do Centro Histórico a Património Mundial. Era quinta-feira. Saí de casa para mais uma tarde dedicada à pintura. O tempo estava tempestuoso. Não houve pintura. Espreitei a Praça da Oliveira para ver se haveria sinais de alguma comemoração. Nada. Aproveitei para tirar esta e outras fotos.
Não havendo nada mais a registar, e surpreendida pelo anoitecer, segui o percurso pelo caminho mais iluminado que me levou até casa...