1ª. foto- Um pedacinho do espigueiro tão característico do Minho, de pedra e madeira. A sua função ainda é de guardar as espigas de milho. Protege-as das intempéries, dos roedores... O arranjo espontâneo embeleza-o, fazendo jus ao monumento.
2ª. foto- O monte, os carvalhos e, ao fundo do fundo, o suposto horizonte.
Estamos em tempo de cortes, de poupança. Estou a ler e a reler livros que apenas têm enfeitado a estante. Voltei a ler Vergílio Ferreira. Não é fácil. Deste escritor só conhecia Manhã Submersa e Aparição. Para Sempre, foi a última leitura.
Paulo, um homem velho e debilitado, na sua solidão, no seu pessimismo e incapacidade, regressa a casa das suas origens, onde passou sua infância e férias em adolescente.
A casa está vazia e povoada de fantasmas... A cada porta ou janela que abre, o ranger de madeira, o objecto, a paisagem, tudo isso se transfigura em momentos, recordações chave do seu passado. Suas ilusões e desilusões, frustações, fatalidades... Chega, até, a antever o futuro, com todos os detalhes da sua degradação a caminho da morte. Morte que pode significar libertação...
Vergílio Ferreira fá-lo a seu modo, na sua linguagem forte e poética, numa introspecção dura sobre a vida.
De vez em quando, de longe a longe, aconselho Vergílio Ferreira.
Para uns, é quando o dia começa. Para outros, é o final do dia. Ou então, nem final, nem início, nem intermédio... É o pôr do sol.
Outros momentos há. Às vezes, nada nos dizem, ou transmitem-nos ansiedade, mal-estar e, definitivamente, só nos apetece "estar onde não estamos".
Alguém me disse que são os nossos "pensamentozinhos," o nosso olhar desatento e superficial sobre as coisas, que nos desviam do sentir profundo, verdadeiro...
Não espelhei ao meu redor qualquer coisa de mim. Limitei-me a sentir.