As rainhas do Inverno estão aí, e vão ficar por muito tempo. Adoro-as. São tão diversificadas! Vestem-se de novo quando nos aparecem, mas logo se descontraem e se desprendem com uma singeleza que nem seu envelhecimento as despersonaliza.
Silenciosa, presa ao chão, há séculos, décadas ou mesmo agora, folhagem verde e persistente, com seu brilhozinho, assim é a árvore; em todas as estações, nunca desiste de alegrar e enriquecer o espaço, convidar-nos a parar, a olhá-la, encantando tudo e todos.
Camélias. Sua árvore japoneira. Foi assim que me apresentaram desde muito pequenina. Aprendi desde cedo a respeitá-las. E que as mais lindas eram as brancas, de pétala dobrada, pequenas...
Agora, gosto de todas. Ontem, num passeio pelo jardim e parque do Mosteiro e Pousada de Santa Marinha, na freguesia da Costa, em Guimarães, pude fotografar camélias de várias cores, mas foram as de cor roxa com mistura de lilás e rosa as que mais me enfeitiçaram.
E, passo a concluir, expressando o que me vai na alma: "casa que não tenha pelo menos uma japoneira não é uma casa portuguesa com certeza..."
Pensava eu, erradamente, que não teria qualquer chance de voltar a ver publicado um livro, um novo romance de Saramago.
É, comprei-o. O entusiasmo para iniciar a leitura demorou. Acompanhou-me vários vezes. Ia e vinha intacto. Um dia aconteceu... E não mais consegui desgarrar-me até que o livro terminasse. Encheu-me de vontades, reflexão, sentido crítico.
O romance ficou inacabado. Mas o que contém é tão intenso. Como em outros livros, fez-me sorrir, apesar do tema tão pertinente que é abordado- o armamento.
Apenas vou referir-me aos dois protagonistas. Lá estão, o homem e a ex-mulher. Ela, com carácter pacifista, inteligente; ele, obediente, um bom trabalhador. Mas é necessário ser mais que isso. Orientado por ela, vai tentando investigar, na fábrica onde trabalha, aquilo que tanto a aflige ...
Saramago e o seu bom senso deixou expresso como terminaria o romance... Então, depois da protagonista tanto se esforçar para que seu marido fosse diferente, reconhece que não valeu de nada esperar tal mudança...
-"Vai à merda!" É a expressão que melhor encaixa para concluir esta obra. E descansem, é a única expressão pecaminosa que Saramago usa.
Depois das badaladas, cumprimentos e sorrisos com votos de bom ano e que, pelo menos, seja igual ao ano passado; é desta maneira que quase toda a gente festeja a entrada do ano novo. Durante muito tempo, continuamos a desejar a quem se cruza no nosso caminho: Bom ano! Bom ano!
Tudo bem. Não passam de desejos. Estamos em modo de esperança. E ter esperança não é assim tão bom. Corremos o risco de ficar em esperança uma vida inteira...
Depois, também é necessário muita paciência, fé...
Os outros é que sabem. Mas o parecer que faço a meu respeito, é que tenho vindo a aumentar o "grau" de paciência. Embora, há pontos de vista. Uns dizem que tenho paciência de job; outros, que não tenho paciência nenhuma; aqueloutros, que só tenho paciência para os outros; e, ainda, há aqueles que confundem a minha paciência com estupidez, "morconice", ou sei lá!
Daí, em 2015, vou continuar a trabalhar nesta virtude. E, já agora, reler todas as histórias que meus pais me contaram. De repente, lembrei-me da tão tradicional: O velho, o rapaz e o burro.