Sempre achei esta capacidade minha bem desenvolvida: - Discernir.
Não sei o que pensarão os outros... Se pedisse provas disso a meus famliares e amigos chegaria a uma conclusão. Pouco interessa, não? E argumentar sobre isso seria falta de discernimento. Penso. Discirno.
Não vou chamar sonho mas aquela vontade de sair do sítio, agora, já, e viajar até um local onde o sol brilhe e as temperaturas sejam amenas... Huuumm...
O desabrochar das plantas contagia-me. Sempre acontece por esta época. Nunca houve da outra parte qualquer contágio meu, para acompanhar-me nestas minhas pulsões que só eu sei o que me provocam.
Este ano esteve quase a realizar-se. Consulta dali, consulta dacolá, pela internet, claro, as filhas tudo fizeram para que se concretizasse este sonho de mãe tão antigo. Mas depois de tantos entraves, tanto desinteresse e desculpas esfarrapadas que fazem doer, a sério, aí, sou eu que de um minuto para o outro salto fora. Não fosse eu ser filha de meus pais... :)
Esta orquídea floresceu há já algum tempo. Por isso, está em fase de envelhecimento.Todos os anos se renova. Discreta, ninguém nota a sua presença, nem sequer conhecem-lhe o nome.
Apesar de não ser a minha flor preferida, aliás, não tenho preferência por uma só flor, sempre lhe dirijo o olhar, porque ela sobressai em contraste com a terra escura, com as cores e forma de uma japoneira e de o grupo de azáleas que todo o ano alegra o espaço.
Hoje, resolvi homenageá-la. Saí, de repente, aproveitei para fotografá-la e, já que me encontrava no jardim, colhi jarros, fotografei as nuvens...
Ela vai indo, esforçando-se e avançando para esquecer o que já esqueceu há muito, mas que a memória sempre a atraiçoa por trazer-lhe à tona alguns dos seus sonhos.
Sabe que outras batalhas se aproximam e que lá estará para empurrar com sua coragem e bravura obstáculos e medos. Não virará as costas a tempestades, renovará sua capacidade de amar e conquistar pequeninos/grandes desafios.
Há muito que sabe que a vida sempre se apresentou fácil para o que não pretendia e de grande luta para o que sempre sonhou.
Também sabe que morrerá na areia, talvez... Não por exaustão de tanto lutar, mas por não encontrar uma brecha por onde passar, pela incerteza da sua capacidade e por que assim o prefere.