Já há bastante tempo, novas pedagogias alertaram os professores/educadores para a importância da motivação na aprendizagem. Todos deveriam incentivar o que de melhor cada um tem, o que é bem elaborado, o esforço despendido, e não haver uma palmatória erguida (salvo seja), um dedo em riste, um olhar ou gesto agressivos sempre que o objectivo não foi bem conseguido.
É que não há criatura sobre a Terra que aguente estar a ser julgada e condenada a cada actividade que, até, se esforçou por realizar. Esta atitude leva ao medo de errar e a nossa insegurança vai aumentando, todos sabemos.
Outras vezes diz-se: em casa de ferreiro, espeto de pau. Pois... Exercemos a nossa profissão, usando as melhores pedagogias, mas apenas fora de casa.
Vamos lá mudar hábitos. Virarmo-nos para dentro, se possível, de nós mesmos, e, assim, com certeza, causaremos menos danos por todo o lado.
Pormenores?... Não devo registar. Mas que me levou a uma explosão, isso, posso afirmar. E nada tem a ver com alunos e professores. Apenas um acontecimento do nosso dia a dia entre gente graúda.
No final, tudo estava correcto, foi só um engano da outra parte, mas sem importância alguma. Parecia estar errado, só isso... Nada mais.
Um dia divertido foi o que foi. Subimos novamente a montanha.
Entristeceu-nos a terra e as pedras enegrecidas pelo fogo dos incêndios. As giestas viraram esqueletos esturricados, os carvalhos exibem suas folhas chamuscadas, e, em redor das casas, há contornos de erva queimada.
Seguimos em direcção ao restaurante. Quase não havia espaço para estacionar. Muita afluência. Não admira, é altura de S. Miguel, o padroeiro do concelho. Os filhos da terra regressam nesta altura do ano acompanhados por amigos.
E assim aconteceu. Depois do almoço tirámos fotografias. Cinco mulheres e uma cadelinha. Todas no feminino. Eu costumo ser a fotógrafa. Desta vez, não levei máquina fotográfica. Mas existem os telemóveis...
Um grupo de homens fazia grande alarido, ali, mesmo ao lado. Prontamente, saiu de lá um fotógrafo. Simpático, contido nas palavras mas de sorriso fácil. Outro, acompanhava-o com graçolas:- Olha o passarinho! Olha o passarinho! E, um pouco inibidas, sorríamos para a fotografia. Era um momento de registo, de memória, único. Entretanto, já o fotógrafo e o das graçolas eram fotografados, também, no nosso grupo, um de cada lado, da senhora mais velha, a mãe de uma de nós. Sorrisos e mais sorrisos. Olha o passarinho! Olha o passarinho!
Descemos a montanha. Difícil o estacionamento. Visita obrigatória ao Mosteiro. Na igreja, andores engalanados para a procissão que sairia no dia seguinte. Caminhámos devagar pela praça da República e pelas ruas que se direccionam para o lado da feira.
Depois de nos instalarmos numa esplanada bem sossegada e de beber uma água fresquinha, eu e outra amiga fomos "mercar". Coisas nossas...
Quando regressámos ao local da esplanada, elas acenavam-nos com uma flor. Cada uma tinha uma rosa, e havia mais duas poisadas na mesa. Eram para nós. Admiradas, sorrimos para os cavalheiros que se posicionavam em frente, mas do outro lado da rua. Agradecemos. Houve troca de palavras. Gestos de carinho e admiração. Respeito.
Afinal, ainda há homens que oferecem flores. A sério....
Ah! Esquecia-me. Era o grupo de homens que, antes, subira a montanha.
Sobretudo, não desesperar. Não cair no ódio, nem na renúncia. Ser homem no meio de carneiros, ter lógica no meio de sofismas, amar o povo no meio da retórica.