Codorno é Natal. Dezembro. Em tons acastanhado, dourado e rosado. Duro e suculento. Parece nunca amadurecer. Resistente às intempéries, às penicadelas dos pássaros e às dentadas nossas...
Ontem fui ao campo e lembrei-me que, para o natal, faltava pouco e também me faltavam os codornos. Assados ou em compota são deliciosos. Sabor único. Só quem os saboreou em criança consegue sentir todo o paladar, cheiro, textura. E eu nunca quero quebrar esta minha tradição seja ela verdadeira ou de sonho de criança.
Se eu não fosse à aldeia, iriam ficar por lá, esquecidos, caídos e eu nunca mais me perdoaria. Eles fazem parte da mesa de Natal, são os corta sabores de toda a doçaria da época.
O pessoal adora os meus codornos, quem já os provou, claro...
Não sei o que faço, não sei o que acontece. É a segunda vez que clico, não sei onde, e acabo por colocar posts, já publicados, em rascunho...
Nada de importante, daí, a viagem a Madrid ser novamente publicada.
E foi assim que surgiu este post. Ando vazia de palavras que valham a pena ser postas aos quatro ventos. Bastam-nos aquelas que somos obrigados a escutar, não?
Ontem, já escurecia, a lua estava entre nuvens, grande e branca, e eu regressava a casa. Apressei-me e quis fotografá-la.
O mundo gira, e, da minha varanda, já as nuvens carregavam-se de escuro e enegreciam a lua. E, também, afinal, já me parecia mais pequenina...
Casadas, livres e desimpedidas. Só, à primeira vista, é que parece um paradoxo...
Madrid foi o nosso destino. Ainda no aeroporto, apanhámos o Metro em direcção à Gran Via. Aí, localizava-se a rua onde "coabitaríamos" durante três dias. Guardámos as nossas bagagens e logo saímos à conquista da cidade.
Caminhávamos... O sol e o céu imenso brilhavam e envolviam-nos num abraço. Os edifícios, majestosos e de bela arquitectura, especados, observavam-nos e acenavam, parecia... Como adolescentes, no modo de expressar, dávamos gritinhos de felicidade: -Estamos em Madrid! Estamos em Madrid! O ar fresco, os agasalhos, as visitas aos museus, parques, ruas e praças, toda a sua história, provocaram uma subida substancial de temperatura...
Ui!... O sentimento que percorreu todo o meu ser... Não há palavras para descodificá-lo. Como é maravilhoso a liberdade, o desapego às nossas coisas: À casa. À família. À cidade onde moramos...
Os horários são outros, os interesses também o são. Há uma vontade e alegria que nos empurra e incentiva a viver, a caminhar, a descobrir, a admirar. A espantar. Coisas que, muitas vezes, estão adormecidas e que despertam.
Na hora de regressar é bom. Sentimos necessidade disso. O cansaço. Saber que nos esperam... Por saudade ou por necessidade de organização. Não importa. Estamos cá. De volta.