Calma aí, 2017...
Na adolescencia, ela acreditava que o ano seguinte seria sempre melhor. Mas pelo desenrolar dos acontecimentos foi constatando que não era nada assim. E quando terminava o ano 2016, ela viu que o que aí vinha não era nada fácil.
Abertamente. Sem rodeios, sem tempo para acontecer, sem idade. Tudo escutado de uma só vez. Tão novo, tão teimoso, tão orgulhoso. Tudo em uma pessoa:- Anemia.Transfusão. Cancro.
E ela ficou atordoada durante uma semana. Esperando. Inactiva, em pressupostos procedimentos. Inquieta fisico, mental e psicologicamente. Ela limpava. Arrumava. Cada coisa a seu tempo e no seu lugar. Enganando-se. Em estado apavorado.
Outra semana se iniciava e já lá ia a meio. -Terrimm... Terrimm... Partiu sua mãe. Descansa em paz. Quis libertá-lo. Dar-lhe tempo para se cuidar...
Já, há dias, tinha recebido uma mensagem de uma das filhas e que terminava com um smile: -"Vou ser despedida em meados de Fevereiro. Fim do contrato. Já sabia, pois tinha visto o anúncio para emprego neste meu lugar. Eles teriam de me contratar, agora, ao fim de 2 anos... "
Não a surpreendeu, não lhe causou tristeza. Afinal, aquele trabalho é tão sem futuro, apenas a ocupou durante dois anos. E qual é a mãe que não sonha com um emprego melhor para sua filha?...
A outra filha, depois de ter deixado a área de investigação, e ter optado pela área de restauro, também terminava o estágio. E há pouco, dizia: -"Eles empregar-me-iam, mas aquilo está tão mau, quase não ganham para pagar a renda. Embora, esperem a cada momento, grandes restauros. Gosto deste trabalho!"
Também ela já sabia que esta sua filhinha é assim... As duas são queridas, responsáveis, inteligentes, o nosso país é que é uma merda!
A saúde individual, a vida e a morte, a doença já não dependem, directamente, de políticas, malabarismos, chefões.
É a vida a acontecer. A passar por nós...
Resta-nos: o deixar ir, deixar ser. Deixar a vida ser...