Não vou dizer que a primavera teve o seu iniciar. Vou antes contar-vos de um filme Coreano que, pensava eu, iria trazer-me tranquilidade, fazer-me meditar... As primeiras imagens enchem-nos o olhar: um templo flutuante, um monge budista, uma criança...
Não, não foi esse o género. Mostrou sim que da mesma forma que a natureza é feita de ciclos: nascimentos e mortes, renascimentos, e tudo o mais, também nós temos de aprender sobre a nossa natureza, observando-nos atentamente e a tudo o que nos rodeia. Conhecer nossas emoções, de modo a desenvolver o nosso interior para que, mais tarde, saibamos entender e viver em paz, harmonia, liberdade...
Caso não aconteça, as consequências são deveras punidoras. Cruéis.
Fazemos coisas tão extraordinárias, sem que nos apercebamos que, quando nos contam, estupefactos, ficamos, sei lá... Também estupefactos?!...
Na verdade, andava a sentir vertigens, sempre que colocava os óculos de sol.
Dirigi-me à loja que mos vendeu para que alguém encaixasse melhor uma das lentes, porque sentia-a um pouco solta.
O técnico, depois de examinar os óculos, dirigiu-se-me, de sorriso largo, enquanto me fixava e se esforçava por perceber como teria sido possível eu encaixar as lentes, mas ao contrário. Ou seja, a do lado esquerdo estava no lado direito e vice- versa.
Outros funcionários, mais afastados, viraram as cadeiras e espreitavam para me observarem ao pormenor, também eles com caras de espanto e um leve sorriso...
Se precisarem de uma funcionária para fazer o impossível... 😊 - Foi o que me saiu para disfarçar o meu constrangimento.
Não sei se estão diferentes de há meia dúzia de anos... Se serei eu que mudei tanto o modo de observação. Ou então, será devido à época do ano. Desta vez, vi menos turistas nas galerias Lafayette e havia muitos asiáticos. O espaço, esse, está imponente.
Em verdade vos digo, apesar de minhas amigas usarem artigos (roupas, malas, sapatos) todos "fashion", por isso, já estou habituada a conviver com certas marcas, embora eu não as use, mesmo assim, deu para eu ficar perpelexa. Algumas lojas, de super preços, fecham a entrada com um grosso cordão ou corrente, para controlarem. As clientes, mais que eles, formam fila no corredor da galeria, e vão entrando, conforme o número de pessoas que sai.
E aos nossos olhos, foi visível a selecção natural dos humanos... Asiáticos segurando não um, nem dois, mas vários sacos de compras dessas lojas, e nós, no meio daquele rodopio.
Sinceramente, não sei o que as minhas amigas sentiram. O que viram e exclamaram, sim.
Eu senti-me com olhos em bico, levemente enrugados, talvez devido ao esforço para compreender o porquê de tudo aquilo. Será que valerá a pena? À primeira vista, eu só via pessoas que calçavam e vestiam, normalíssimo, naquele momento.
Será que depois daquelas compras iriam transformar-se?
Poderia ter sido eu a fazer a letra da canção: Para sorrir, eu não preciso de nada. Digo isto porque me perguntam muitas vezes: já bebeste? E eu costumo dar-lhes a resposta do título da canção: para sorrir, eu não preciso de nada.
Assisti ao festival sem perder pitada. E o que me surpreendeu foi que gostei de todas as canções. Mas as minhas preferências, ontem e hoje, foram para as três canções que ficaram nos três primeiros lugares. Só mudava a posição da 1.ª para 2º lugar e a do 2º. lugar para 1º.
Ao ouvir duas vezes seguidas a canção da Cláudia fiquei com vontade de dizer:- Pronto, chega, já ouvi e vi. Daí, a Catarina passar para primeiro e teria a oportunidade de cantar e encantar e, quem sabe, depois, ganhar isto tudo.
Quanto ao Janeiro, ficou bem no lugar onde ficou. Nem sempre se é o primeiro.
Esta semana estivemos três dias em Paris. Nestas curtas viagens, de avião, nossos maridos não gostam de nos acompanhar, dizem ser cansativo. Dizem... Não sei... O que nós sabemos, mulheres deles, é que são viagens muito relaxantes, necessárias, super divertidas, e principalmente culturais.
As três já conhecíamos esta cidade, mas sempre é bom voltar, porque há sempre locais ou monumentos que nos passaram despercebidos, ou que necessitam ser revisitados.
Por exemplo, em Montmartre, há uma parede, um muro, ilustrado de azul e palavras que cintilam de luz e nos aquecem o coração e não só... Percorremos todo o local à procura desta obra. Poucos sabiam onde ficava, mas lá conseguimos.
O muro, LE MUR des JE T´AIME, simples, à primeira vista, parece estar apenas escrevinhado. E o que parecia caos não o é. São por volta de 300 idiomas e dialectos, caligrafias tão diferentes, e cada frase diz o mesmo. Eu te amo.
É a magia de Montmartre para as artes, o amor, o romantismo...
Pode acontecer de nos transportar à adolescência. Quando rabiscávamos as paredes, o chão, os caderninhos, as árvores... Usando os mais variados objectos. Na verdade, onde mais resultava, e mais alimentava o nosso amor, era a gravação feita nos troncos das árvores. Elas cresciam e com elas também se alongavam as palavras e o coração atravessado por flecha . Eu te amo.