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TUDO AVULSO

Acontece-me... Por inspiração... transpiração... ou porque me apetece...

TUDO AVULSO

Acontece-me... Por inspiração... transpiração... ou porque me apetece...

20
Jul18

Olhares

MariaLi

Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem, e os olhos veem o que querem,

os olhos fazem a diversidade do mundo e fabricam as maravilhas, ainda que sejam de pedra,

e altas proas, ainda que sejam de  ilusão.

                                                                              José Saramago

 

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 *foto de smartphone

10
Jul18

Triste realidade...

MariaLi

Naquela tarde fizemos praia num local onde há filas de barracas que se direccionam ao mar e todas estão ocupadas, porque o dia é de muito calor. Mas há os espaços reservados a paraventos e guardassóis. Aí, nos encontrávamos. Também havia um grupo grande de jovens com seu alarido, não direi próprio da idade mas sim da má educação, como mais tarde constatámos.

Um senhor com fisionomia tailandesa, daqueles que percorrem a praia para serviço de massagens, passou à nossa frente de olhar meigo e sorriso tranquilo. Era o modo de nos abordar se queríamos ou não os seus serviços.

Duas jovens do dito grupo, prontamente, fizeram-lhe sinal, e, durante 30 minutos, receberam as massagens. Estavam rodeados de todos os outros jovens que, entretanto, proferiam piadas de vocábulos pouco apropriados, como que todo o espaço lhes pertencesse.

De repente, vemos o senhor, em silêncio, a arrumar a sua maleta, e alguns jovens a mostrarem-se incomodados, (não sei se de verdade ou se por simulação)... As duas jovens tinham desaparecido sem efectuar o pagamento.

 

E o espaço onde eles se encontravam?! Ficou repleto de garrafas, latas, pacotes vazios...

 

O que é isto?!... Que falta de educação é esta?!... Que força e vontade de transgedir os move?!... A coesão de grupo move-os para o mal?!...

Uma das minhas filhas estava presente. Olhou-me e interrogou-me:- Não vais lá chamar-lhes à razão?!...

Nem respondi. Senti-me envergonhada pela atitude deles e pela minha.

 

Ficámos a conversar e a tentar perceber que jovens eram aqueles. Conhecemos e convivemos com muitos e não conseguíamos imaginar esta cena entre eles. O meu irmão dizia que pertenciam a qualquer instituição ou bairro social. Eu não concordei, nem acredito, mesmo. É muito fácil rotular pessoas mais carenciadas de mal-educadas, falsas, perversas. A carência não era a nível material. Nem tão pouco por falta de formação.  

 

 Arriscaria a dizer que, talvez, esta é uma forma patológica de exibicionismo.

 

 

 

01
Jul18

Catarse, será?

MariaLi

O tempo passa devagar. A cada passo, recordo o que acontecia há um ano: muita esperança misturada de desespero, tristeza.

Nunca gostei de sentir esperança.

Percorríamos muitos quilómetros para tornar mais leve a doença, para diminuir despesas e cansaço, para não desperdiçar tempo... Íamos intercalando na ajuda.

 

No princípio, houve muito desânimo. Recostado no assento inclinado para trás, olhos fechados, quase não se segurava, nem falava. Assim era cada dia, cada viagem.

A radioterapia e a quimioterapia terminaram e ele já sentia melhoras, mais peso, mais ânimo. Até ligou-me, depois de o termos deixado em casa, a agradecer o que fizemos e, também, satisfeito por não ter havido percalços...

 

Pausa.

 

Segunda fase de tratamentos. Pleno Verão. Os tratamentos não resultavam. Os mais lúcidos, logo perceberam para onde ele caminhava. Eu não quis entender e ele também não. Esperança. A tal esperança que não gosto de sentir... Tudo foi um passatempo, um entretenimento.

 

Mais novo nove anos que eu, o meu menino, o meu protegido, diziam. Em famílias grandes, os irmãos mais velhos têm sempre um protegido. Ou um aliado. Nos jogos, na entreajuda, nas quezílias...

 

E em Setembro, deixou-nos. Há pouco, ele tinha cuidado da mãe. Ela também tinha partido uns mesitos antes. 

 

Estes dias, recordo-o em todos os espaços onde estou. No campo. Na praia. Nas nuvens... Apesar do esforço presente no dia a dia: pensar e imaginar, o mínimo possível.

 

Outros dias e outras partidas se seguirão. É assim em famílias grandes.

 

*Uma frase que somos obrigados a ler, se frequentarmos esta praia:

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