Conhecia parte, daí a minha curiosidade. Fiz parte do grupo de tradução do espanhol para a nossa língua-, trabalho de voluntariado- Escola Nova Acrópole de Guimarães e Famalicão.
A superar as expectativas. Verdade. Até estou a sublinhar a lápis alguns excertos, mas já nem sei se a isto se chama sarrabiscar 🥰. Talvez porque as páginas que conhecia, sendo traduzidas fora do contexto geral do livro, não me entusiasmaram assim taanto.
Quando vou à praia, então, quem me acompanha, é Mia Couto, livro de contos, O Fio das Missangas. A reler ao fim de quase 20 anos.
Hoje recordo com saudade as vivências de casa dos meus pais.
Dia de festa na aldeia. Dia de missa, de estrear roupas, de minha mãe correr para casa, para continuar na preparação do almoço, próprio de dia de festa. De levar à minha avó materna a refeição desse dia. Ela preferia ficar recatada em sua casa, do que enfrentar a multidão que era quando todos nos reuníamos. Canalhada a mais, talvez fosse o motivo. Havia um convidado do meu pai que por vezes almoçava connosco. Muito alto, magro, de fato e gravata, narigudo, usava bengala, pois, as pernas de tão altas parecia atrapalhar o seu andar. Hoje, penso que deveria ser coisa de política.
De tarde, no adro da Igreja, barracas com doces, brinquedos, os altifalantes sempre em tom exagerado, as raparigas namoradeiras, caso da minha irmã mais velha, com olhares lânguidos, ou sorrateiros, sorrisos sem graça... E eu, que não apreciava estas manobras de engate, às vezes, acabava por estragar todo este enredo à minha irmã. Coitadita...
Também havia a procissão. Recordo participar ainda muito jovem, no tempo da catequese. No final da procissão havia bailarico. Ficávamos a ver os pares a rodopiar.
Gostava dessa alegria e descontração das raparigas/mulheres na arte da dança. A minha irmã, mais velha que eu 7 anos, tinha a oportunidade de ser abordada e convidada para a dança. Mas, nunca dançava, não sei porquê, mas era regra lá da casa. Espero que não fosse por algum preconceito.Também havia a minha irmã mais nova que eu dois anos. Muito bonita. A mais bonita das três. Mas muito santeira. Os adolescentes miravam-nos, mas lá estava eu para proteger-me e a esta minha irmã...
Enfim, quando recordámos, rimos a valer. A minha irmã mais velha ainda hoje acusa-me de lhe estragar os engates. E continua, apesar da idade, a exercer o seu charme. Uma forma de ser.
A mais nova sorri, parece agradecida, ficou solteira e boa rapariga.
E a mim, o meu irmão mais novo já me perguntou o que teria acontecido para que eu me tornasse a pessoa que sou.
Claro que evoluímos. Sou mais tolerante e não só... 😁😁
Assim vai a natureza por terras de Fafe. À minha espera, não esteve porque sobreviveu encantadora sem os meus cuidados.
Quem por lá passa delicia seus sentidos e algo mais para além do gosto ou prazer... Bem, cada um poderá definir a seu "bel prazer"...
Lembranças, nostalgias, estórias de criança/adolescência, a casa grande, a minha mãe e irmãos, a hora da rega, o dia a anoitecer... Por que razão estas hidrângeas estão neste lugar... Coisas de alma (?). Consciência...