O tempo, as loiças, as partidas...
*Por ver um programa da Vista Alegre, há tempos, e porque a minha mãe faria anos.

O fascínio que, em criança, tinha ao observar um armário/louceiro recheado de peças variadas: travessas, pratos ladeiros e sopeiros, chávenas de café e almoçadeiras, bules, açucareiros, pratinhos de todos os tamanhos, os das chávenas de café, os das chávenas de chá, os de sobremesa e os desaparelhados...
Algumas peças com carimbo Vista Alegre, Sacavém, e não me recordo de mais... Em silêncio, abria as portas e remexia em tudo. Talvez fosse o querer brincar "às mães", e imaginar a história que toda a loiça contava... Talvez fosse isso o que mais me cativava.
Em dia de festa ou comemoração, a minha mãe utilizava-a, sempre alertando-nos para o cuidado que deveríamos ter. Mas, claro, muita loiça partiu.
Quando casei, com o dinheiro que recebi comprei um serviço de Vista Alegre, que estava em promoção.
Crescemos. Crescemos.
Os pais partem. Cada um partiu para constituir sua família.
As peças, agora avulsas, espalhadas, ficaram sem a magia e a história que as unia e nos reunia.
Outros histórias cativam. Os laços, a família. Reunirmo- nos num almoço, em restaurante. Só pode ser. As peças principais somos cada um de nós. A presença dos irmãos seus filhos e netos... E a lembrança dos que já partiram.
Tanto Amor, saudade e emoção.