Equilibrista
Sinto-me um equilibrista
quase iniciante
pé no chão, pé no ar
bracejar informe tacteando
o espaço vazio,
irregular, escorregadio...
Pé ali, pé acolá,
na forma do mundo
tento enformar
no melhor desenho, na melhor figura
ou no melhor estilo...
Olhando para trás,
rio e entristeço
das manchas tingidas
a preceito ou não...
Quem moldou as formas do mundo?
Onde vagueiam seus autores?
Andar periclitante,
carregando o universo,
ombros rígidos, cabeça estonteante,
lá vou eu, sem rei nem roque,
na onda do tempo, na brisa do calor,
no esvoaçar das folhas...
Envolvida pelo manto da montanha,
coroado de estrelas ou de pedregulhos,
sonâmbula, atravesso o universo,
à pressa, sem destino
ou, quem sabe,
seguindo o traçado invisível
que eu, tonta, penso
ter inventado...