Em primeiro de tudo, quero dizer que, hoje, sonhei com o meu pai...
Muito raro sonhar. Não o reconhecia como um bom pai, principalmente, durante todo o meu crescimento até ao tempo que mudei de estado civil. Depois, fui mãe, uma, duas vezes e, pouco depois, ele adoecia e ficava com sequelas para o resto de sua curta vida.
Aos poucos, fui reconhecendo que ser pai "destes" seus filhos, não foi nada fácil...
Mês de Março. Mês de comemorações: Dia do Pai e seu Aniversário.
Então, depois das duas viagens por Marrocos, depois da aula de Filosofia prática, sobre o Egipto- A análise do Papiro de ANI- "o peso do coração do morto", e depois de ter tratado das lides domésticas... Adormeci, vagueei...
O chilrear dos pássaros, o barulho dos carros, as vozes ao longe... Um aperto no peito, o coração.
Acontecia o despertar, melhor, o adormecer. Lento...
Uma enorme tela pendurada, não sei se em uma parede, se no meio do nada, suspensa. Reconheci, de imediato, que era o Papiro de Ani. Num plano mais abaixo, alguns elementos moviam-se, uns estavam agitados, outros mais concentrados. Aí, vi o meu pai. Os deuses, os olhos da mente, (egoísta e pura) os braços da balança, a pena e o coração, cada um em seu prato. Senti-me angustiada! Estavam a pesar o coração de meu pai...
Toda a semana senti borboletas no estômago. As viagens aproximam-se.
Como já referi, costumo viajar em família, ou então acompanhada por 2 ou 3 amigas.
Em famíla, viajo através de uma agência com tudo a que temos direito quanto a mordomias e a "desembolsar"...
Com as amigas, é mais género aventura. Marcamos pela internet, mais barato, divertido...
Para já, tem corrido tudo às mil maravilhas, tanto pela agência como pela internet.
Bem, fica entre nós. Segredo. OK?...
Era dia de Black Friday, as ofertas surgiram, os ânimos aqueceram e, de uma assentada, três viagens marcadas. Nós, as amigas. A preços irrisórios.
Ora, na viagem mais recente, em família, tivemos direito a uma indemnização de 600€, devido a atraso de voos. Logo, ficou decidido que iríamos a Marrocos, mal iniciasse a Primavera...
Não é que, coincidências das coincidências... A Primavera ainda não iniciara, no calendário, e a viagem em família, através da agência, já era marcada para os inícios de Março...
E, claro, aconteceu... Regresso das cidades imperiais num fim de dia, à noite, e, no dia seguinte, pelas 18h, embarco com as minhas amigas, em outra viagem, uma das tais, marcada em tempo de Black Friday.
Seleccionei roupas e calçado para as duas viagens, e, também, estratégias para aguentar o desgate físico e psicológico, de resto, é deixar correr.
A Primavera antecipou-se e a sexta feira negra virou bode expiatório.
Desvalorizava e até tinha a ideia que era doença para criança. Apanhei o virus e já lá vão 3 semanas, com direito a 3 consultas, gotas e gotinhas, mais cremes e pomadas... Agora já sei o que é uma conjuntivite a sério.
Estou na recta final, ainda medicada. Terei nova consulta, para exame completo aos olhos, sabe-se lá os efeitos na visão, "diz- que".
Sempre que insistia na leitura, o estado clínico agravava-se...
Um outro "problema", que, agora, vejo transformado em óptima resolução, foi habituar-me a não "pentear" as pestanas (rímel).
Conhecem Bhagavad Gita?
Emprestaram-me o livro, e, evidente, não pude iniciar a leitura. A curiosidade levou-me a ouvir vídeos. Houve essa necessidade, uma vez que tinha iniciado uma formação "Conhece-te a timesmo", que é a máxima do Curso de Filosofia Prática. Uma viagem às principais ideias filosóficas do Oriente e Ocidente.
No Facebook , reparei na publicidade sobre esta formação, encaminhei-a para as minhas filhas. Elas devolveram-me, dizendo que seria óptima para mim.
Os filhos crescem e sentem que os pais precisam de evoluir (interiormente). Será?!... A sério?!... E por que não?!... De uma boa reflexão quem não está necessitado...
Então, à 6-ª, ao fim do dia, durante 3 meses. O grupo é quase todo jovem, eu serei a mais velha.
Sei que devo ser humilde. Mas não saí de casa, como agora os jovens, quando vão frequentar o ensino superior, mas saí para frequentar o 2º ciclo. Logo, o convívio em família, passou a ser nas férias de Natal, Páscoa e no Verão.
Os novos amigos, as diferenças culturais, o meio citadino, residir longe dos pais e outros familiares foram impostos, assim, desde muito cedo. E não havia como fugir dos problemas que iam surgindo a cada instante. Resolvia, contornava, ou sei lá... Crescia.
Os anos passaram. O curso terminado. O emprego. O casamento...
E a casa, o sítio onde nasci, os pais e outros familiares... Uns, permanecem. Outros, mudaram-se como eu. E há os que partiram para sempre.
Ouve-se muitas vezes dizer que os filhos só compreendem os pais quando também o são. Para mim, é uma grande verdade. Aconteceu comigo.
Pois, agora é a minha vez, vou esperar, nunca desesperar e, (não sentada), ver se um dia acontece...
Mas tudo bem. Um desabafo. Tenho de reconhecer que minhas filhas são as melhores do mundo.
Com o passar do tempo, é suposto irmos amadurecendo. Concordo que são os "sopapos" da vida que nos fazem crescer em maior velocidade, quando não dão para deprimir...
Este ano, de 2018, foi como um querer virar de página, trocar de livro, ou de história, mudar de rumo... Isto, devido ao ano que o antecedeu, o 2017. Com certeza, nunca o esquecerei... Porque é de bom grado lembrar os entes queridos que já partiram.
Apesar de sempre me ter considerado atenta, penso que, este ano, a minha atenção redobrou. Parece paradoxo, mas, por uma questão de saúde mental, comecei por ouvir, ler, escrever, e, talvez, falar muito menos do que era habitual. Para que, apenas, o "essencial" me ocupasse os pensamentos, não me desgastasse, não me distraísse, inutilmente. Tentei usar filtro. Nem sempre funcionou, mas o balanço foi positivo. Muito ficou por ultrapassar.
Os dias continuam, sucedem-se e, com certeza, lá chegarei.
Aproximava-se o tempo de natal e eu, insegura, esperava o acontecer.
Estratégias?... Nem por isso. Coração aberto, a atenção ligada, preparativos a decorrer, e, devagarinho, entrávamos no verdadeiro espírito de natal. Tenho a registar que tudo bem, obrigada. Harmonia, partilha, amor, alegria em quantidade(qb) :)
Planos para 2019?... De verdade, preferia, também, deixar que fosse acontecendo. Porque já me saí muito mal a fazer previsões.
Mas posso arriscar e desejar viver a vida, com muita saúde, muita sabedoria, logo, "desvencilhar-me" das adversidades...
Somos pecinhas tão fragéis, tão pequeninas deste imenso puzzle, e sei que criar grandes expectativas, comigo, não resulta. Pedir ou desejar não basta, não resolve, necessitamos de toda a força, toda a compreensão, toda a leveza, toda a sorte do mundo e para o mundo.
Então, boas atitudes! Porque as palavras não bastam.