Aos poucos vou dando conta da razão por que tantos dos meus sonhos não se concretizaram. Não adianta querer arranjar bodes expiatórios, a verdade, mais cedo ou mais tarde, acaba por vir à tona.
Eis um dos meus sonhos irrealizáveis. Ser borboleta.
Esta semana tive um tempinho para me sentar entre elas e fotografar. Lindas!
Este fim de semana estive na aldeia, e mais uma vez fiquei rodeada de seres minúsculos e graúdos que brotavam sorrisos de todas as cores e em todas as direcções.
Eis alguns desses sorrisos, apreciem-nos, antes que seja tarde...
No caminho da vida, vou registando e acumulando riquezas que perfumam, irradiam, crescem, encantam e renovam-se. Quanto mais naturais e espontâneas, mais cativos se tornam os meus sentidos e menos probalidades existem em eu ser destituída ...
Quase no final do dia do Livro e eu nem pude fazer a minha reflexão.
Com certeza vou repetir-me e repetir o que outros leitores a toda a hora já fizeram. Não vou escrever a minha história com os livros, pois, já iniciou há tanto tempo que necessitaria de uma cábula bem organizada para me orientar até aos dias de hoje. Penso que, naquele tempo, só havia grandes livros, grandes autores, grandes romances. Tolstoi, Stendhal, Henri Charrière, Camus... De repente, são estes autores que me vêm à memória. Eu era uma adolescente, miúda até muito tarde, mas, apenas, no modo de vestir, não de pensar, penso...
No dia em que a carrinha biblioteca da Gulbenkian passava na estrada, bem distante de minha casa, nós corríamos, de corações a bater tão alto- impossível não serem escutados-, carregados de livros para devolver e cheios de curiosidade para outros livros, outras histórias, outros sonhos para sonhar...
E eram assim as nossas férias grandes, entre irmãos, livros, brincadeiras, descobertas.
Houve um tempo que estagnei. Mudança de estado civil. Os filhos. A profissão. Mas sempre os livros me acompanharam, embora fossem outros. Histórias de encantar, os de contos, os de valores, os de leitura obrigatória...
Agora, é diferente. Nem sempre me apetece ler. Porque os óculos pesam-me no nariz, os olhos cansam-se, e, também, porque gosto de ficar com a história em mente, que me agite a consciência, que me faça melhor, que me abra horizontes, que não façam sonhar...
E é bem difícil eu descobrir tudo isto num só livro.
Quase sempre que a vejo, gosto de a olhar. Nas viagens noturnas, sigo-a. E quantas vezes me apetece parar, não fossem os sinais de proibição que indicam aumento de velocidade... Ou então, porque não há tempo, temos de andar apressados, ou porque andamos distraídos...
Já contagiei algumas pessoas com esta minha mania. Mas nunca me canso de a evocar, fotografar e já agora, pintar.
Duas pinturas. E duas fotos, um pouco manipuladas, para que a lua, ainda, brilhe mais.
Nem sei por que razão iniciei este post. Depois de ver várias fotografias que tenho vindo a fazer, fiquei com um sentimento que não sei explicar. Como alguém já disse e todos sabem, as palavras ainda não estão todas descobertas. Daí, tenho tanta dificuldade em exprimir coisas que me passam em frente, ao lado, por dentro... E, certos relatos que leio, notícias que ouço, cenas que presencio, acho-os tão desinteressantes... Não, não estou a querer convencer nem de modo algum sou convencida. Acho...
Agora, mesmo, acabo de sorrir... Lembrei-me de uma oferta que fiz quando era o tempo de natal, e alguém me perguntava: -Fazes o bem porque te apetece, sem esforço, porque faz parte de ti?... E eu, com uma pontinha de vaidade, respondi que sim. E essa pessoa argumenta: - Assim, o bem que fazes não tem validade. Precisas de ir contra a tua vontade, precisas de fazer sacrifícios... Respondi com uma gargalhada. Por favor, meu Deus! Como é que as pessoas são capazes de inventar tantas artimanhas para que tu não possas seguir os caminhos que a vida te mostra, a não ser que contenham buracos, pedregulhos, espinhos...
Voltando ao momento antes de sorrir. Bem, vou mostrar algumas fotos que me levaram ao tal estado, indefinido. São trabalhos feitos por alguém que, sempre, bem considerei, no modo descontraído e engraçado de ser, nos seus estudos, passando pela universidade, no trabalho como investigadora...
De momento, prefere tornar o velho em novo. Com paciência, tempo e bom gosto. Restaurar.
As rainhas do Inverno estão aí, e vão ficar por muito tempo. Adoro-as. São tão diversificadas! Vestem-se de novo quando nos aparecem, mas logo se descontraem e se desprendem com uma singeleza que nem seu envelhecimento as despersonaliza.
Silenciosa, presa ao chão, há séculos, décadas ou mesmo agora, folhagem verde e persistente, com seu brilhozinho, assim é a árvore; em todas as estações, nunca desiste de alegrar e enriquecer o espaço, convidar-nos a parar, a olhá-la, encantando tudo e todos.
Camélias. Sua árvore japoneira. Foi assim que me apresentaram desde muito pequenina. Aprendi desde cedo a respeitá-las. E que as mais lindas eram as brancas, de pétala dobrada, pequenas...
Agora, gosto de todas. Ontem, num passeio pelo jardim e parque do Mosteiro e Pousada de Santa Marinha, na freguesia da Costa, em Guimarães, pude fotografar camélias de várias cores, mas foram as de cor roxa com mistura de lilás e rosa as que mais me enfeitiçaram.
E, passo a concluir, expressando o que me vai na alma: "casa que não tenha pelo menos uma japoneira não é uma casa portuguesa com certeza..."