A viagem que há muito adiara, foi realizada. Não fazia parte dos meus sonhos, mas a vida partilhada tem destas coisas, alguém deve ceder de vez em quando. O cerco apertou, já toda a família, amigos, vizinhança e arredores tinham conhecimento do porquê de ainda não termos embarcado num cruzeiro...
Culpa minha, todos sabiam. Enervei-me e impus a viagem o mais rápido possível.
Mais um Setembro. Setembro anuncia. O terminar e o recomeçar. Um friozinho estremece-me, uma angústia...
Há anoiteceres, de tanta magia, que sufocam. Coisas de cada um... Emoções à solta.
O Verão foi passando, e eu a saltitar, como já é costume, do mar para a serra e da serra para minha a cidade. Uma trabalheira. Uma canseira. Mas não deixei de espreitar, em diagonal, a área de "leituras". Meus amigos, vocês são dos mais fiéis, motivadores, inspiradores... O que seria deste espaço, Sapo/Blogs, ou desta vida, se todos tivéssemos as mesmas motivações?
Quero afirmar que a minha ausência, a minha diferença não é, de modo algum, motivo de indiferença. Vou esforçar-me por melhorar a assiduidade. Já, já, ainda não, mas eu volto.
A inspiração já não é o que era. Brotava do nada. Não faltavam oportunidade e vontade para estes momentos de escrita. Um retiro nos meus aposentos, sem que alguém me interrompesse, um passeio ao ar livre, uma observação aos corpos cintilantes que nos abrigam, à noite, uma leitura, uma situação do dia a dia... eram ideais para que, avulso, e ao correr da pena, as palavras saíssem, soltassem.
Vamo-nos modificando. Dias e anos sucedem-se e tanto mudou. A pintura e a fotografia, os meus hobbies, desvaneceram. A leitura, também, estremeceu, mas por pouco tempo, e as viagens surgiram e têm comandado a minha maior vontade.
Quem sou eu?... O que faço aqui? ... ( não é o "depois do adeus") As interrogações de menina continuam.
Para que escrevo? ...
O tudo avulso resta-me como um acontecimento sem data e hora marcadas. Uma apatia de escrita, embora, um turbilhão de ideias percorra e estremeça o meu ser. Sempre a querer selecionar. Isto não, nem isto, nem aquilo...
Depois de escrito, deve sair, imediatamente, porque, se ficar guardado na "gaveta", no dia seguinte, segue para o lixo. Nada de importante.
Vocês, também sofrem do mesmo? Ou poderei dizer que será um modo de economizar o meu e o vosso tempo?
Por inspiração do Sapo sobre as leituras para este verão, para já, aqui estão 3 dos livros que me comprometerei a fazer a leitura e as devidas reflexões.
Iniciei "O Sentido Oculto da Vida".
E porque também me relaxa, alguns momentos captados, no último fim de semana, ao entardecer, no campo, depois de regar os espaços, que são parte da minha responsabilidade .
«Que mais vale seguir meu próprio dharma, mesmo imperfeito, do que o dharma d´outro na perfeição»
Já tinha dito que iniciei uma formação de Filosofia Prática em Janeiro, que tomei conhecimento pelo facebook , que encaminhei para as minhas filhas, mas elas reenviaram-me afirmando que era excelente para mim.
Para aprender e para uma boa reflexão é sempre tempo. E a ver fui...
Terminou no fim de Maio. A avaliação foi um trabalho para apresentar, feito em casa. Ora, o mais difícil foi como começar...
Havia a liberdade de elaborar como bem nos apetecesse. Então, por vezes, usei a 1ª. pessoa, para reforçar a aprendizagem, a reflexão que fiz durante estes 4 meses, com todos os temas interligados. Como uma história...
Como consegui, nem eu sei, foi necessário muita inspiração e transpiração.
Quando lá cheguei, pedi para ser a 1ª. a apresentar. E "arrumar" de uma vez com o meu estado de nervos.
Terminei a apresentação com o sonho sobre o meu pai, "o peso do coração do morto"..., uma leve referência ao Egipto (já publiquei este sonho). Mas as emoções, nesta parte final, traíram-me... Fazer figura de "lamechinhas", fora de horas, não gosto.
Bem, fui aplaudida, abraçada. Cá para comigo, pensei, por que razão...
Original. Diz que... Mas, equilibrar o meu triângulo (tamas, rajas e sattwa), é necessário.
Estou em falta, nem que seja, somente, para comigo, por não ter publicado algumas das muitas fotografias das duas cidades que visitei: Cracóvia e Roma.
Vou mostrar-vos as que se referem a Roma. Cracóvia fica para outro post.
Já lá tinha estado, em Roma, em família e através de uma agência. Em Maio, fui com duas amigas, as do costume...:)
Então, quero aqui registar que não utilizamos qualquer transporte nos percursos que fizemos dentro da cidade. O hotel era situado perto da Praça de Espanha, por isso, calcorreámos ruas e praças, atravessámos pontes, do rio Tibre, visitámos igrejas e monumentos e até vimos o papa, sem marcação...
Tanto caminhámos, serenamente, como mais apressadas... Quando necessário, sentávamo-nos numa esplanada para saborear o momento, ou um "tartufo de chocolate", um cafezinho, uma água...
E, já com saudades, acabámos o pacote de viagens marcadas em dia de black friday...;)
No fim de semana seguinte ao meu aniversário, tomei a decisão de fazer um convívio só com os meus irmãos e seus respectivos cônjuges, quem os tem, claro.
Apesar da presença de irmãos não ser na totalidade, éramos quase vinte.
Uma trabalheira, mas repleta de felicidade.
Já há muito que não os via deste modo, em festa. Relaxados, descontraídos, adolescentes, pareciam... Pudera, sem filhos ou netos para se distraírem ou preocuparem...
E, também, porque, os últimos "encontros", foram de despedida.
Todo o dia não se proporcionou para um momento que queria especial, "o silêncio", pelos que já partiram. O meu pai, a minha mãe e irmão. Os mais recentes, ambos, no mesmo ano, um a seguir ao outro.
O entardecer estava mágico, próprio do fim de um dia quente no campo. E foi ainda debaixo do grande guardassol que jantamos. Depois, anoiteceu e já outra mesa, dentro de casa, esperava-nos para as sobremesas...
E foi o momento certo. Interrompi a alegria e conversas cruzadas de alguns. Pedi meio minuto de silêncio. Não é necessário descrever o que aconteceu. Nem eu sei, porque, no final das palavras, transbordei de tanta emoção... Os parabéns foram cantados como um hino, como um escape, como uma oração...
Houve abraços apertados. Abraços que jamais esquecerei...
E a festa continuou.
Quando nos lembramos de tirar fotos, já o céu reluzia estrelado, mas lá bem longe :)
Não mais entrou pelos portões verdes do cemitério para visitar seus familiares.
Era o seu aniversário, ontem, 11 de Maio. Uma festa que só ela sabe organizar.
Subimos a Montanha- o Nariz do Mundo. Tudo a preceito. Tudo com requinte, apesar da distância dos grandes centros e da simplicidade do restaurante ...
Porque, da mala do carro, saíram cestas de malvas, castiçais e velas brancas, caixinhas e dedicatórias. Poemas...
E a toalha de xadrez, como pano de fundo, só podia contrastar e reforçar o bom gosto da aniversariante.
Sem querer descrever discursos e presentes, ementa e sorrisos... Um ramo era segurado em suas mãos. Ela observava-o, apontava aquela e aqueloutra- as pétalas-, nomeando o nome das flores. Encantada... São lindas! E sorriu para mim. Talvez, certificando-se se teria sido eu quem o comprara.
Regressámos. Sua mãe a seu lado. Debilitada, apesar da jovialidade que quer demonstrar. São 94 anos já feitos.
De repente, ela diz:- Não avisei o caseiro, este ramo era lindo para deixar aqui. Mas não consigo.
"Aqui", era o cemitério, por onde passávamos no momento.
Desde que o irmão morrera, havia 6 anos, nunca mais lá entrara. Deixou de os visitar. Pai, tia e esse seu irmão.
Prontamente nos oferecemos para levar o ramo de flores ao jazigo onde eles moram. Ela hesitou, a voz embaçou... Mas parou o carro.
Saímos, à pressa, eu e outra amiga, ambas, outrora, amigas de seu irmão. Passámos os portões entreabertos. Ansiosas, procurámos os nomes e os rostos desbotados pelo tempo, e achámos.
Lindos, sem dúvida alguma. Substituímos a água suja do vaso e colocamos o ramo de flores, aquele que a fez sorrir, que a encantou... E que agora se juntou às pessoas mais queridas, que a viram nascer e crescer...
Quando entrámos no carro, ela soluçava, silenciosamente, não queria que sua mãe se apercebesse. -Tão lindos que eles estão, lá nas fotos- dissemos.
Outra amiga, a Maria Luísa dizia-lhe:- Decide-te. Vai lá. Acaba com esse sofrimento...
E elas foram. Eu, a mãe e a outra amiga deixámo-nos ficar.
O carro aquecia, elas demoravam. Saí e fui espreitar... saíam abraçadas, soluçando. Corri de braços abertos. Entrelaçámo-nos e chorámos, alto. Ninguém nos ouvia.
Só o irmão, lá encima, piscava o olho, e sorria, ao seu jeito.
Pelo menos, que a força e a coragem permaneçam, sempre que os queira visitar...
Um destino que já há muito queríamos conhecer, por ser tão próximo, diferente e pela curiosidade e sua História. A mística das cidades ditas imperiais classificadas como Património da Humanidade pela Unesco, sem dúvida, encanta-nos pelo seu colorido, sons, cultura...- Marraquexe, Essouira, ElJadida, Casablanca, Rabat, Fez, Meknes...
O exotismo das cores, os mercados, as medinas, as mesquitas, a cerâmica, os palácios...
As paisagens naturais, as oliveiras, as árvores de argan, os cactos, as palmeiras... E os jardins Majorelle?... E a simpatia daquela gente?...
Adorei.
Bem, o mais difícil foi escolher as fotos. Um pouco ao acaso, algumas....
*Para a semana, Cracóvia, será outro destino, um dos que foram marcados naquela Sexta-feira (Black Friday).