Por que não hei-de usar e expressar-me através de um vocábulo que me apetece?...
Mia Couto- quando o lia, lembro que brincava, a sério, com as palavras...
Voltando à composição, acima referida e em baixo ilustrada...
... Parece que aconteceu em outra vida. Quando a minha verdadeira procura era somente fora de mim... A essência.
Agora mesmo recordei, e, num instante, tenho a acrescentar... A recolha fotográfica foi feita por terras de Camilo Castelo Branco. Daí, talvez, o vocábulo (cameliana).
-Quando eu morrer, não vai haver quem reze por nós.
Era Verão. Tempo de férias grandes.
Numa parte da varanda, sentados ou de pé, olhávamos o céu.
Tanto Mistério! A estrada de Santiago, estrelas e não estrelas, as cadentes, as ursas, mais outras constelações... A Lua sempre mudando sua forma, e exibindo o homem, castigado, por trabalhar ao domingo.
Quando for grande, vou desvendar a imensidão do universo...
E já era iniciado o quinto mistério. Uma a uma as contas do terço eram rezadas, e nem sequer me apercebera do tempo.
Depois, seguia-se uma fiada de orações: ao Anjo da Guarda, a S. Judas Tadeu, a Nª Srª Disto e Daquilo... Para proteção de seus filhinhos, pela paz no mundo, pelas almas do purgatório, pela consciência até à hora da morte...
Olhando o céu, noite após noite, sempre tentava decifrar outros Mistérios... Ano após ano.
Hoje quero soprar de mansinho:
Pela força e energia, pela capacidade de superar, pela paciência... Por tudo.
Estejas onde estiveres, obrigada. E todos os dias elevo meu pensamento para ti e para todos os nossos.
No campo. A japoneira de camélias cor-de-rosa foi a primeira a florir, há já muito tempo.
Mas que pujança, apesar de pequenina. Cortei algumas flores para a aliviar da carga. Outras flores já caídas por terra, amontoei-as, e aqui deixo o registo.
Apesar de querer descontrair, não deixei de dedicá-las a quem partiu, principalmente a meu irmão. No sábado, fez 4 meses.
As rainhas do Inverno estão aí, e vão ficar por muito tempo. Adoro-as. São tão diversificadas! Vestem-se de novo quando nos aparecem, mas logo se descontraem e se desprendem com uma singeleza que nem seu envelhecimento as despersonaliza.
Silenciosa, presa ao chão, há séculos, décadas ou mesmo agora, folhagem verde e persistente, com seu brilhozinho, assim é a árvore; em todas as estações, nunca desiste de alegrar e enriquecer o espaço, convidar-nos a parar, a olhá-la, encantando tudo e todos.
Camélias. Sua árvore japoneira. Foi assim que me apresentaram desde muito pequenina. Aprendi desde cedo a respeitá-las. E que as mais lindas eram as brancas, de pétala dobrada, pequenas...
Agora, gosto de todas. Ontem, num passeio pelo jardim e parque do Mosteiro e Pousada de Santa Marinha, na freguesia da Costa, em Guimarães, pude fotografar camélias de várias cores, mas foram as de cor roxa com mistura de lilás e rosa as que mais me enfeitiçaram.
E, passo a concluir, expressando o que me vai na alma: "casa que não tenha pelo menos uma japoneira não é uma casa portuguesa com certeza..."