O tempo de natal
Há muito tempo, já há algumas "dezenas" de anos, o tempo de Natal era também o tempo dos codornos. Em Cabeceiras de Basto, chama-se codorno a uma pêra de inverno de casca e polpa duras, que pode comer-se cozido, assado ou em compota. Pensava eu que o codorneiro teria de crescer à beira rio. Pois, em criança, um dos rituais que aconteciam nesta época do ano, era a caminhada para apanhar este fruto. Por carreiros de terra batida e húmida, seguíamos cuidadosamente a margem da levada, até que avistávamos o codorneiro lá ao fundo, perto do moinho, junto ao rio. Descíamos o terreno acidentado e enlameado, às escorregadelas e aos gritinhos, desafiando o som ensurdecedor da água do rio deslizando contra os penedos quase submersos. E, deste modo, entre irmãos, vivenciávamos mais uma aventura!
A semana passada avistei esta árvore na aldeia, em Fafe, discreta, entre outras árvores numa margem do campo, e carregadinha de frutos...
Lá, dizem que é uma pereira carregada de peras de inverno. Eu digo que é um codorneiro...