-Quando eu morrer, não vai haver quem reze por nós.
Era Verão. Tempo de férias grandes.
Numa parte da varanda, sentados ou de pé, olhávamos o céu.
Tanto Mistério! A estrada de Santiago, estrelas e não estrelas, as cadentes, as ursas, mais outras constelações... A Lua sempre mudando sua forma, e exibindo o homem, castigado, por trabalhar ao domingo.
Quando for grande, vou desvendar a imensidão do universo...
E já era iniciado o quinto mistério. Uma a uma as contas do terço eram rezadas, e nem sequer me apercebera do tempo.
Depois, seguia-se uma fiada de orações: ao Anjo da Guarda, a S. Judas Tadeu, a Nª Srª Disto e Daquilo... Para proteção de seus filhinhos, pela paz no mundo, pelas almas do purgatório, pela consciência até à hora da morte...
Olhando o céu, noite após noite, sempre tentava decifrar outros Mistérios... Ano após ano.
Hoje quero soprar de mansinho:
Pela força e energia, pela capacidade de superar, pela paciência... Por tudo.
Estejas onde estiveres, obrigada. E todos os dias elevo meu pensamento para ti e para todos os nossos.
Hoje, apetece-me sentir que a fé e a esperança são coisas que nos iludem. Coisas que nós sabemos que estão aquém daquilo que desejamos. Porque não conseguimos parar o desenrolar dos acontecimentos. O que pensamos ou pretendemos não tem qualquer força, efeito, nem poder para estancar o enrodilhar da vida. Apenas resta-nos aceitar esse acontecer.
Envolvia-nos nas tarefas e, como em um ritual, participávamos, atentos, curiosos...
Era a passagem do seu legado. Na nossa ingenuidade, apreendíamos os seus gestos, a sua destreza, habilidade, conhecimento...
Gosto de a imitar. Sei que a minha marmelada, as iguarias de natal, e, principalmente, a força e o estímulo não se comparam...
Amanhã, prometo não esquecer um ingrediente tão completo e tão eficaz que, dizem, é a cura para muitos males da sociedade de hoje - resiliência.
*as flores das árvores de fruto são muito especiais...
No caminho da vida, vou registando e acumulando riquezas que perfumam, irradiam, crescem, encantam e renovam-se. Quanto mais naturais e espontâneas, mais cativos se tornam os meus sentidos e menos probalidades existem em eu ser destituída ...
Há muito que não publico sobre livros. Não é que não tenha feito as minhas leituras. Tenho lido e relido. Mas não me apetece fazer reflexões sobre o que leio. Há tanta gente a fazê-lo e bem. E depois há opiniões e gostos tão diversificados.
Não faz o meu hábito, mas ultimamente estive a ler mais do que um livro em simultâneo. Ia lendo um livro de reflexão, oferecido pelas minhas filhas, sobre a busca da sabedoria, pela espiritualidade plena... E, para equilibrar, lia outro de ficção ou romance...
Daí a grande movimentação cerebral... Confesso que não gostei da experiência, era como estivesse a ser arrastada para uma grande encruzilhada...
De repente, algo surge na minha vida. Uma viagem, um roteiro... E, à pressa, é o recomeçar de outro livro, porque é aquele caminho que devo e quero seguir. Há curiosidade, interesse em descodificar páginas, palavras e pormenores, que me vão transportar do secreto cativeiro, para bem longe, entre outras gentes, outros lugares, outros sonhos acordados, no silêncio ou entre bandas orquestradas, quiçá, para mim... :)
O último livro da listinha, é o que estou a ler. Oferta do dia da mãe. Estou a gostar.
Siddhartha- Hermann Hesse
O Poder do Agora- Eckhart Tolle
O Varandim seguido de Ocaso em Carvangel- Mário de Carvalho