Quando criança, penso que aconteceu com toda a gente, a minha mãe dava-nos um pintainho, ou um coelhinho ou uma plantinha... E nós cuidávamos com todo o amor e carinho como que de uma criança se tratasse. Se algum deles morria, era uma sensação de perda e tristeza tão grande!... Esta convivência com a vida e morte, embora de seres não humanos, dava-nos ensinamentos muito importantes sobre o ciclo da vida. E, secretamente, no nosso íntimo, vivíamos as nossas ansiedades sobre esta lei da vida tão cruel e inexplicável...
Isto tudo para dizer que a Margarida, minha sobrinha/neta, tem uma flor muito especial, num vaso muito original.
Os tempos mudaram, sim, mas há coisas que nunca mudam, felizmente!...
Hidrângea (hortênsia), uma das muitas plantas e flores que minha mãe sempre estimou. Adornava os espaços em redor da casa, junto ao tanque, eira e alpendres. Nessa época, reflectiam frescura, beleza e alegria ao ambiente. Minha mãe sempre procurava as que dariam flores rosa, lilás ou brancas, mas raras vezes acontecia, desabrochavam azuis...
À noite, a criançada numa correria regava o jardim, eram baldes e baldes de água! O que estava à entrada da casa, junto aos alpendres e ao tanque, era regado com mangueira, mas o que contornava a parte trás da casa e do lado da eira... esse sofria mais, ele (o jardim) e nós, porque quando lá chegávamos o balde já só ia meio e nós estafados...
Procurei saber mais sobre as hidrângeas ou hortênsias: variam nas suas cores devido ao índice de acidez e alcalinidade dos solos. Solos ácidos, PH abaixo 6,5- flores azuis. Solos alcalinos, PH acima de 7,5- flores rosadas e brancas. O que quer dizer que poderemos substituir a terra ou regá-la com certos "preparados", para que tenhamos as cores que pretendemos. São outros tempos!...
Estas ainda estão no vaso de origem, o que acontecerá quando forem transplantadas para a terra de jardim?