Que aborrecimento... Ser picada, sabe-se lá por quem , (por seres invisíveis, por falta de atenção, por não saber observar...), nas pernas, nos braços e com necessidade de tratamento; já começa a ser habitual.
Há quem colecione plantas ao ar livre. Deste modo os espaços preenchem-se, embelezam-se, tornando-se um livro de arquivo a céu aberto.
Sempre que o visito, folheio com devota atenção. Cada planta é analisada para que se retire poeiras, flores e folhas secas, pequenas formigas, aranhas... E vou verificando o seu estado de saúde...
Quantas vezes já captei debilidades?! Felizmente, sempre houve tempo de as socorrer.
Também converso com elas, - diálogos de alma -, agradeço sua vitalidade e lembro-lhes quem são, de onde vieram, e chamo-lhes pelos seus nomes. Interajo, assim, com todos, presentes e ausentes, não numa conversa superficial, mas sim de uma forma mais elevada, diria transcendente.
Já imaginei elaborar uma placa de madeira para cada planta e nela gravar, a fogo, o nome de cada pessoa que ofereceu.
Este livro, a céu aberto, seria lido com mais vontade e sabedoria pelas gerações vindouras.
Em direção a casa, por vezes, faço questão de percorrer os espaços mais verdes, com história e com mais ou menos turistas. A pé, claro.
Por agora, há mais silêncio e eu gosto.
Tenho reparado que estas flores abundam pelos relvados. São margaridas sivestres. Bem, eu e o nome das flores... Comparo-me às mães que têm muitos filhos e quando querem dizer o nome de um, em particular, dizem três ou quatro nomes antes de acertar.
"...O observador parece estar dentro de um filme com muitos anos de duração; a película aborda a eternidade e nela tudo parece ser adulteração, um reality show monumental feito para incomodar e provocar..." Ivo Martins
Centro Cultural Vila Flor, 16 Abril a 31 Julho
Movimentos Bruxos - artistas: Carlos Lima, Dora Vieira e João Alves
*algumas fotos
A última foto não faz parte dos trabalhos da exposição Movimentos Bruxos, é um janelão do edifício, no primeiro andar, que ornamenta o cenário, extraordinariamente, montado pela Oficina (companhia de Teatro cá da cidade).
E agora os efeitos secundários ou principais.
Depois do confinamento tão "apertado", a abertura desta exposição, Movimentos Bruxos, veio libertar-me e expandir-me, talvez um pouco exageradamente, o que é certo. No final, dirigi-me aos artistas, aos vigilantes, e ainda perguntei pelos organizadores... Fiquei possuída, só pode , conhecendo-me.
Se nos recentes, quase, três anos, não frequentasse a Nova Acrópole (Escola de Filosofia, Cultura e Voluntariado), não teria a capacidade, sensibilidade, consciência mistérica ... para captar metade da exposição. Simplesmente, pela razão da postura que mantinha e de que muito me orgulhava: "ver para crer ". Ou quiçá, serão os tais efeitos pós pandemia, que me elevaram um pouco?...