Se revisitássemos a Memória, sempre acharíamos dias, meses, anos... Que nunca mais haveriam ser esquecidos.
"Aqueles que não conseguem lembrar o passado, estão condenados a repeti-lo."
Os últimos tempos, ficarão marcados, também. O que iremos retirar desta "prova de fogo"?...
Mais tarde, saberemos. Há que estar vigilantes. Sempre.
Algumas fotos de Auschwitz, Birkenau. Depois de várias leituras, filmes, documentários sobre parte da História destes locais, pensava eu, nunca visitá-los...
Surgiu, a bom preço, uma viagem a Cracóvia. Lá fomos. Cracóvia é uma cidade líndíssima!
De Cracóvia para Auschwitz fomos de comboio, e de lá para Birkenau, de autocarro.
Algumas fotos da parte exterior dos Campos de Concentração. Do interior, ainda hoje, passados 2 anos, não consigo publicá-las. Montras enormes de objetos: brinquedos, calçado, próteses e outos objetos pessoais, cabelos compridos de variadas cores, tecelagem feita de outros cabelos,... E muitas, muitas fotografias de rostos e corpos que nos fazem estremecer a alma...
Ainda me surpreendo ao ver esta imagem. Por mais que queira fazer destas habilidades com a actual máquina fotográfica, não é possível. Aconteceu naquele momento e ficou gravado.
Uma noite, no campo, entre o arvoredo.
Na altura, não soube ler... Quiçá, um prenúncio de Páscoa em quarentena?...
Desvalorizava e até tinha a ideia que era doença para criança. Apanhei o virus e já lá vão 3 semanas, com direito a 3 consultas, gotas e gotinhas, mais cremes e pomadas... Agora já sei o que é uma conjuntivite a sério.
Estou na recta final, ainda medicada. Terei nova consulta, para exame completo aos olhos, sabe-se lá os efeitos na visão, "diz- que".
Sempre que insistia na leitura, o estado clínico agravava-se...
Um outro "problema", que, agora, vejo transformado em óptima resolução, foi habituar-me a não "pentear" as pestanas (rímel).
Conhecem Bhagavad Gita?
Emprestaram-me o livro, e, evidente, não pude iniciar a leitura. A curiosidade levou-me a ouvir vídeos. Houve essa necessidade, uma vez que tinha iniciado uma formação "Conhece-te a timesmo", que é a máxima do Curso de Filosofia Prática. Uma viagem às principais ideias filosóficas do Oriente e Ocidente.
No Facebook , reparei na publicidade sobre esta formação, encaminhei-a para as minhas filhas. Elas devolveram-me, dizendo que seria óptima para mim.
Os filhos crescem e sentem que os pais precisam de evoluir (interiormente). Será?!... A sério?!... E por que não?!... De uma boa reflexão quem não está necessitado...
Então, à 6-ª, ao fim do dia, durante 3 meses. O grupo é quase todo jovem, eu serei a mais velha.
Sei que devo ser humilde. Mas não saí de casa, como agora os jovens, quando vão frequentar o ensino superior, mas saí para frequentar o 2º ciclo. Logo, o convívio em família, passou a ser nas férias de Natal, Páscoa e no Verão.
Os novos amigos, as diferenças culturais, o meio citadino, residir longe dos pais e outros familiares foram impostos, assim, desde muito cedo. E não havia como fugir dos problemas que iam surgindo a cada instante. Resolvia, contornava, ou sei lá... Crescia.
Os anos passaram. O curso terminado. O emprego. O casamento...
E a casa, o sítio onde nasci, os pais e outros familiares... Uns, permanecem. Outros, mudaram-se como eu. E há os que partiram para sempre.
Ouve-se muitas vezes dizer que os filhos só compreendem os pais quando também o são. Para mim, é uma grande verdade. Aconteceu comigo.
Pois, agora é a minha vez, vou esperar, nunca desesperar e, (não sentada), ver se um dia acontece...
Mas tudo bem. Um desabafo. Tenho de reconhecer que minhas filhas são as melhores do mundo.
Já passou uma década, talvez. A máquina fotográfica não sei se ainda existe... Se está por Lisboa ou qualquer outro local...
Gosto deveras desta foto. Numa formação sobre fotografia de rua, o dia estava de chuviscos. Apesar de gostar da chuva para bem temperar, nesse dia, dispensava-a...
Há pouco, encontrei este objecto abandonado. E, ao vasculhar no baú de memórias adormecidas, reli uma historiazinha idêntica a muitas que existem por aí. Com certeza.
Há muito, muito tempo... Era uma vez...
Ela passava pelo tempo (ou o tempo por ela?) em correria desenfreada, atropelando-se em acontecimentos inesperados, conseguindo enganar gripes, constipações e, ainda mais grave, a si mesma.
Um dia, a filha mais pequenina adoeceu e ficou uns dias em casa.
Observava fotos de seus pais em casamentos e outras festas. De repente, iniciou um choro contínuo. Dizia que queria a mãe, que ela estava triste, que o pai estava a sorrir... Lá, nas fotografias.
Para convencê-la de que não era verdade... Que eram só fotos... Parece que demorou algum tempo.
Então, aconteceu algo. Pequenino, em comparação com a agitação dos primeiros anos de casados. Clarificaram um pedacinho do modo de vida. Abaixo a hipocrisia!
Participar em eventos, juntos, sim, quando os dois eram parte desse acontecimento (de familiares e amigos). Não por ela ser esposa de Fulano ou ele ser marido de Cicrana.
Assim, foi dado um pequeno passo na liberdade individual, e um grande passo na liberdade do casal.
E alguns registos fotográficos passaram a ser mais autênticos. :)
A porta de dobradiças em ferro, o baú em pele forrado a chita, as paredes grossas de granito, o soalho em tábuas de madeira, o sol passando pela vidraça. Estes são alguns dos elementos construtores do seu passado. Resolveu selecioná-los e compor um pedacinho do seu novo lar, em outro lugar, no campo, em memória dos seus pais, das brincadeiras de irmãos, das suas raízes.
Os materiais podem não ser os mesmos, claro que não, mas inspiram, provocam histórias, criam vontades, fazem acreditar que, apesar de tudo, enquanto houver memória, há sempre vida e motivos para continuar.
Quase no final do dia do Livro e eu nem pude fazer a minha reflexão.
Com certeza vou repetir-me e repetir o que outros leitores a toda a hora já fizeram. Não vou escrever a minha história com os livros, pois, já iniciou há tanto tempo que necessitaria de uma cábula bem organizada para me orientar até aos dias de hoje. Penso que, naquele tempo, só havia grandes livros, grandes autores, grandes romances. Tolstoi, Stendhal, Henri Charrière, Camus... De repente, são estes autores que me vêm à memória. Eu era uma adolescente, miúda até muito tarde, mas, apenas, no modo de vestir, não de pensar, penso...
No dia em que a carrinha biblioteca da Gulbenkian passava na estrada, bem distante de minha casa, nós corríamos, de corações a bater tão alto- impossível não serem escutados-, carregados de livros para devolver e cheios de curiosidade para outros livros, outras histórias, outros sonhos para sonhar...
E eram assim as nossas férias grandes, entre irmãos, livros, brincadeiras, descobertas.
Houve um tempo que estagnei. Mudança de estado civil. Os filhos. A profissão. Mas sempre os livros me acompanharam, embora fossem outros. Histórias de encantar, os de contos, os de valores, os de leitura obrigatória...
Agora, é diferente. Nem sempre me apetece ler. Porque os óculos pesam-me no nariz, os olhos cansam-se, e, também, porque gosto de ficar com a história em mente, que me agite a consciência, que me faça melhor, que me abra horizontes, que não façam sonhar...
E é bem difícil eu descobrir tudo isto num só livro.
Era o tempo denominado "férias grandes". Quase que me esquecia das lições tão sérias e importantes que fariam de mim uma mulher. As brincadeiras eram tantas para preencher um dia! Tinha de haver muita criatividade para que não houvesse desânimo, ou falta de sentido nas nossas vidas. E, como éramos muitos, irmãos, sempre surgia uma ideia diferente para concretizar a cada dia. Nem que fosse asneira...
Uma das brincadeiras com uma das minhas irmãs- os ensaios para quando tivéssemos quarenta, cinquenta, ou sessenta anos- vejo, agora, que foi uma perda de tempo. Vestíamos roupas da minha mãe, e outras que por lá havia do tempo da minha avó. Elaborávamos penteados presos por grandes pulverizações de laca e com ganchos e travessas enormes, dizem, se bem me lembro, feitos com osso de tartaruga... Os sapatos e carteiras também fizeram parte destes ensaios tão a preceito. Mas que velha feia eu ia ser! Não sabia se suportaria tanta fealdade quando me aproximasse dos quarenta...
Os tempos mudaram. As férias deixaram de ser assim tão grandes. As crianças e adolescentes não necessitam ser tão criativos para brincar...
E as mães e filhas vestem, calçam, penteiam-se do mesmo modo. O recheio, esse, com certeza, é bem diferente. Mas tudo o que as envolve e as faz sentir bem na sua pele, não tem de ter etiqueta ou letreiro conforme a idade; tanto pode ser usado por uma trintona, quarentona, como por uma "sexygenária"...