A minha cidade está tão linda! Podem acreditar na minha palavra. Apenas uma foto do Padrão do Salado e, por perto, um pouco de iluminação... Comparando com anos anteriores, apostaram na qualidade e não na quantidade desenfreada de cores e luzes por todo o lado...
Registando elevações ou depressões com seus rios ou afluentes que umas vezes transbordam, outras, parecem ressequidos e/ou cansados de intempéries...
Não há pressa em avistar o mar. Não há pressa que o sol brilhe, nem que a lua, iluminada por ele, surja no seu bailado feiticeiro.
Assim vai a história construindo-se de pequeníssimas estorietas, reparo. Parece que o sonho partiu e quer abalroar-nos de vazio ou absorver-nos em poeira. Cegando-nos, devagarinho e querendo-nos emburrecer, perdemo-nos do ideal de cada vida nossa.
Qual ideal???...
Quero sacudir-me... Se puder, deixar-me ser! Como Exemplo, como Maior, como Mãe, como Humano.
Entusiasmar por pequeninos acontecimentos, sorrir até os cantos da boca me doerem, fazer projectos, e, se puder, cumpri-los...
Viajar, abraçar gente que gosto, sem precisar de dizer que a amo.
Correr avançando degraus. Sentir-me num corpo sem idade.
Não precisar explicar com palavras o que canta o coração, mas, e, se puder, compreendê-lo.
Com o passar do tempo, é suposto irmos amadurecendo. Concordo que são os "sopapos" da vida que nos fazem crescer em maior velocidade, quando não dão para deprimir...
Este ano, de 2018, foi como um querer virar de página, trocar de livro, ou de história, mudar de rumo... Isto, devido ao ano que o antecedeu, o 2017. Com certeza, nunca o esquecerei... Porque é de bom grado lembrar os entes queridos que já partiram.
Apesar de sempre me ter considerado atenta, penso que, este ano, a minha atenção redobrou. Parece paradoxo, mas, por uma questão de saúde mental, comecei por ouvir, ler, escrever, e, talvez, falar muito menos do que era habitual. Para que, apenas, o "essencial" me ocupasse os pensamentos, não me desgastasse, não me distraísse, inutilmente. Tentei usar filtro. Nem sempre funcionou, mas o balanço foi positivo. Muito ficou por ultrapassar.
Os dias continuam, sucedem-se e, com certeza, lá chegarei.
Aproximava-se o tempo de natal e eu, insegura, esperava o acontecer.
Estratégias?... Nem por isso. Coração aberto, a atenção ligada, preparativos a decorrer, e, devagarinho, entrávamos no verdadeiro espírito de natal. Tenho a registar que tudo bem, obrigada. Harmonia, partilha, amor, alegria em quantidade(qb) :)
Planos para 2019?... De verdade, preferia, também, deixar que fosse acontecendo. Porque já me saí muito mal a fazer previsões.
Mas posso arriscar e desejar viver a vida, com muita saúde, muita sabedoria, logo, "desvencilhar-me" das adversidades...
Somos pecinhas tão fragéis, tão pequeninas deste imenso puzzle, e sei que criar grandes expectativas, comigo, não resulta. Pedir ou desejar não basta, não resolve, necessitamos de toda a força, toda a compreensão, toda a leveza, toda a sorte do mundo e para o mundo.
Então, boas atitudes! Porque as palavras não bastam.
Somos uma família em grande número, e, apesar de um ou outro pensar que não somos grande família, a verdade é que somos uma família de mil e uma memórias e de mil e uma histórias.
E somos de afectos. Uns, vivem-nos à superfície e todos os veem; outros, resguardam-se, mas, os mais atentos, sentem-nos fervilhar; e, ainda, há aqueles que, basta um pequeno aceno, transbordam de boas palavras e bons actos.
Somos irmãos. E daí ramificam sobrinhos, netos, primos.
Os mais novos, principalmente, precisam da magia de Natal. Por isso, todo o esforço é necessário para viver esta época natalícia.
O ano passado, escrevi um texto cheio de estratégias para o ano em que estamos: "Estratégias à minha maneira", disse eu.
Meu Deus! Apesar de ser cuidadosa nos meus desejos, porque já não sou de acreditar em planos a longo prazo, agora, lendo-o, sinto-me ridícula!
Adivinhavam-se e avistavam-se sinais de que algo poderia acontecer... Mas nunca imaginei que seria assim. Tentar comandar a nossa vida: fazendo votos, desejando o que bem lhe apetece no momento, é tudo blá... blá...
Então, no próximo ano, vamos lá ter forças para aceitar o que é natural, não?...
Para morrer não há idade. Quando estamos preocupados com os mais velhos, poderemos receber "um golpe baixo", que nos "sopapa", deixando-nos de rastos.
Convém estar em alerta permanente. Viver cada momento gratificante do nosso dia a dia, ficarmos agradecidos e seremos felizes.
Codorno é Natal. Dezembro. Em tons acastanhado, dourado e rosado. Duro e suculento. Parece nunca amadurecer. Resistente às intempéries, às penicadelas dos pássaros e às dentadas nossas...
Ontem fui ao campo e lembrei-me que, para o natal, faltava pouco e também me faltavam os codornos. Assados ou em compota são deliciosos. Sabor único. Só quem os saboreou em criança consegue sentir todo o paladar, cheiro, textura. E eu nunca quero quebrar esta minha tradição seja ela verdadeira ou de sonho de criança.
Se eu não fosse à aldeia, iriam ficar por lá, esquecidos, caídos e eu nunca mais me perdoaria. Eles fazem parte da mesa de Natal, são os corta sabores de toda a doçaria da época.
O pessoal adora os meus codornos, quem já os provou, claro...
Pois... É verdade. Natal também é tempo de trabalheira.
Não me posso queixar... Apenas elaborei uns pequenos arranjos, coloquei-os por ali e por acolá para assinalar a época. Fiz rabanadas, aletria e peras bêbedas. Algumas doçuras. As preferidas cá da gente de casa. Ah! E comprei presentes.
Os almoços e jantares, esses, foram em casa de familiares. Chego a ter compaixão daqueles que nos recebem. Tanta gente! Trinta, quarenta?!... Por aí.
Os presentes alegram a criançada. Papéis e laços espalhados pelo chão. Jogos de mesa, sorrisos, conversas em tom maior e, por vezes, cruzadas...
Há encontros que são de longa distância...Temos de aproveitar cada instante... Porque a hora de partir é já.
E pronto, termina o Natal, o tal que esperamos um ano inteiro. Despedidas, abraços, risos, saudades e um até breve ou até qualquer dia.
Restam-nos algumas doçuras e lembranças que prolongam o tempo de natal...